terça-feira, 28 de outubro de 2014

RELEASE: ARTISTAS E PROFESSORES ENFATIZAM A IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO TEATRO



Doutor em Artes Cênicas Claudio Cajaíba, Diretor e produtor Edinilson Pará, e doutor em Artes Cênicas Raimundo Matos de Leão (Foto: Rodrigo Queiroz) 


Por ser uma obra de arte que precisa ser contemplada no momento em que se realiza, numa interação ator/platéia, os registros sobre o teatro são essenciais para mantê-lo vivo na memória e na História. Partindo dessa compreensão foi que o Projeto Cine-Teatro na Escola exibiu na noite de segunda (27), no Teatro Martim Gonçalves, o documentário “Yumara Rodrigues – Uma Diva nos Palcos da Bahia”, do diretor Edinilson Pará, e o curta metragem “Perfil – Harildo Déda”, uma realização da TVUFBA.

Presentes para discutir a importância da conservação da memória no teatro estavam o diretor do documentário sobre Yumara Rodrigues, Edinilson Pará; o co-autor do livro "Harildo Déda - A Matéria dos Sonhos", Raimundo Matos de Leão; e o professor da Escola de Teatro da UFBA, Cláudio Cajaíba.

Ao dar início ao bate-papo da noite, Cajaíba destacou que mesmo sendo efêmero, o mais importante no teatro é a relação da platéia com o artista. “Essa noção do efêmero pertence a qualquer obra de arte. Toda relação com a arte é de natureza efêmera”, argumenta. 

Para Raimundo Matos de Leão, o teatro é filho do tempo e espaço, portanto, sem memória não podemos registrar os acontecimentos. “É necessário que se registre em documentos, fotografias, filmes, documentários, essa manifestação”, ressalta. “É certo que quando o teatro é filmado ou fotografado perde sua essência. Mas filmado ele caracteriza sua essência que é a efemeridade”, acrescenta.

Raimundo ainda destaca que os registros são importantes para que a memória não se destrua ao longo do tempo. Ele diz ser “necessário que se preserve a memória em um país que não tem essa preocupação e que pensa mais no modernismo”.

Essa dificuldade em preservarmos a memória e registrar manifestações importantes, como é o caso do teatro, fez com que Edinilson Pará enfrentasse alguns obstáculos na hora de fazer o documentário sobre Yumara Rodrigues. “A maior dificuldade para o documentário era ter como mostrar como Yumara se comportava no palco”, conta. O diretor fez questão de mencionar a gentileza das pessoas que cederam seu material (fotografias, vídeos) para a composição do filme. 

Na oportunidade, Edinilson relatou a grande satisfação em contar um pouco da história de artistas como Yumara Rodrigues. “Ela (Yumara) foi muito gentil e abriu o coração e a casa”, afirma Edinilson que também estudou interpretação com Harildo Déda: “Ele me mostrou o melhor caminho para dirigir atores”, lembrou.

Raimundo Matos de Leão, por sua vez, diz ter sentido um orgulho imenso ao escrever o livro biográfico sobre Harildo Déda, e que este foi um processo gratificante. “Ouvir o Harildo é como se fosse ouvir minha vida. Ele é do interior, e eu também. Ele tem uma ligação com o cinema e eu também. Ouvir essas histórias era muito gratificante para mim”, revela Raimundo.
 
Claudio Cajaíba também enfatizou sua experiência com os artistas no início de sua vida acadêmica. “Essas pessoas para a gente eram mitos”, relata orgulhoso por ter sido aluno de Harildo Déda. Sobre Yumara Rodrigues, ele lembra que foi dirigido por ela duas vezes em leituras dramáticas. “Olhar para o passado é uma coisa imprescindível”.

Ainda durante o encontro, Raimundo apelou para que se preservem os registros, para que a historiografia não se perca. “É importante para o futuro. Não para ser copiado, mas para que aquilo que as gerações passadas não conseguiram resolver - desejos, utopias- que a gente possa resolver no presente ou no futuro”, pondera. Para finalizar ele destaca: “A gente só pode louvar a contribuição desses dois monstros (Yumara e Harildo). E esses registros são da maior importância. Fico feliz com os documentários dos dois. É preciso que eles continuem sendo feitos”.

Vale lembrar, que o Cine-Teatro na Escola já exibiu os filmes “Mário Gusmão: O anjo negro da Bahia”, junto com o curta metragem ODU (08/09); “Slava’s SnowShow (15/09)”; “A Aventura do Théâtre du Soleil (22/09)"; e “Em Quadro: A História de 4 Negros nas Telas (29/09)”, “A Vida de Bertolt Brecht” (06/10); “Jogo de Cena”(13/10); e “Grupo Galpão” (20/10). Na próxima segunda-feira (03/11), será exibido gratuitamente, às 18h30, o longa metragem “Evoé - Retrato de um Antropófago” (2011).



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