terça-feira, 4 de novembro de 2014

RELEASE: ATORES FALAM DE SUAS EXPERIÊNCIAS APÓS TRABALHAREM COM JOSÉ CELSO MARTINEZ

Atores Lilih Curi e Franklin Albuquerque (Foto: Rodrigo Queiroz)

Na noite desta segunda-feira (03), o público do Projeto Cine-Teatro na Escola acompanhou um pouco da grande paixão do diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa pelas Artes Cênicas. Isso porque, foi exibido, gratuitamente, no Teatro Martim Gonçalves, a partir das 18h30, o documentário “E! Evoé! – Retrato de um Antropófago”, com roteiro e direção de Tadeu Jungle e Elaine Cesar. 

Para o bate-papo da noite, estiveram presentes a atriz e coordenadora do Cine-Teatro, Lilih Curi, e o ator e diretor Franklin Albuquerque, que atualmente integra a Universidade Livre de Teatro Vila Velha. 

Ambos os convidados do encontro tem experiência com o Teatro Oficina, liderado por José Celso. Lilih Curi começou lembrando sua participação durante um ano e meio no Oficina. Ela conta que o processo de criação é muito rico e que pessoas de várias áreas (Vídeo, Artes Plásticas, Interpretação) convivem juntas. “Os processos são ritualísticos. Você é levado a ter uma comunhão com a arte”, relata. “Quando você está no ato, na ação, com o outro e com o público, vira uma grande festa”, acrescenta.

Para Lilih, a experiência no Teatro Oficina foi transformadora não apenas na vida artística, mas também pessoalmente. Segundo a atriz, existe uma Lilih antes e depois do Oficina. “Não pude viver outra relação com o teatro igual a essa”, diz. 

Ela também declarou que ficou emocionada com a capacidade de José Celso tocar as pessoas que trabalham com ele, mesmo sendo mais de 60 pessoas em cada oficina promovida pelo Teatro. “Ele [José Celso] foi um divisor de águas. Sempre digo para os meus alunos, que ele foi o meu mestre. Apesar de ter ficado apenas um ano e meio”, destaca Lilih.

O ator Franklin Albuquerque começou afirmando que mudou sua relação com o público a partir de sua experiência com o Teatro Oficina, principalmente, sua relação com o tradicional teatro italiano – onde os atores ficam em um palco e a plateia do outro lado assistindo. Espontaneamente, ele se aproximou do público ao sentar na extremidade do palco, junto com Lilih Curi.

Franklin narra que logo que chegou no Oficina não trabalhou na função de ator. De início, ele foi fazer um teste de canto para participar do coro. Depois de um tempo, ele não conseguia alcançar o nível necessário para se consolidar como ator. Enquanto isso, fez direção de cena, contra-regragem, e participação de cena. Ele afirmou que não sabia nem o que era isso, mas contou com a ajuda de outros membros do grupo. 

A experiência inicial foi difícil, de acordo com Franklin, pois ele queria estar junto dos atores no palco. “Foi um inferno ter que auxiliar os atores... Chorei na estreia [de um espetáculo] porque queria estar lá com os atores”, desabafou. Esse processo de aprendizagem durou um ano e meio. No total, ele conta que ficou três anos no Oficina.

Outra experiência marcante para ele foi ter ficado completamente sem roupas em um dos espetáculos. “Tive que tomar uma dose de conhaque para ficar nu”, lembra aos risos. Sobre a questão financeira, Franklin afirma que nunca ganhou dinheiro no Teatro Oficina, apenas ajuda de custo. A rotina de atividades pode ser exaustiva, uma vez que, o ator chega, por exemplo, às 17 horas e fica até às 9h ou 10h do dia seguinte. 

Mesmo não fazendo mais parte, diretamente, do Teatro Oficina, Franklin diz: “Nunca me desliguei completamente de lá [...]. Tenho pensado em fazer um intercâmbio entre o Teatro Oficina e a Universidade Livre de Teatro Vila Velha”, almeja.

Ao serem questionados pela plateia, se existe mesmo uma comunhão entre o público e o Teatro Oficina, Lilih Curi respondeu que é um Teatro que tem história. Tem um público fiel há anos. Desde quando os espetáculos eram proibidos durante a Ditadura Militar. “Às vezes são oito horas de espetáculo. É um processo de resistência. Só fica quem quer realmente participar”, pontua.

Em outro momento, o público indagou sobre a reação das pessoas que assistem espetáculos promovidos pelo Oficina e querem ser “seguidoras” de José Celso, como se ele fosse uma espécie de messias. Franklin disse que “ele sempre exerce um fascínio. Até pela história que ele representa e pela história que o Teatro representa [...]. É difícil você não querer participar daquilo”, conclui.

Projeto – Com um diversificado material cinematográfico, com temáticas voltadas para a linguagem das Artes Cênicas, o Cine-Teatro na Escola visa integrar professores, estudantes, artistas e comunidade em um processo que compreende a exibição de 16 filmes, com articulação de bate-papos orientados por professores e artistas convidados ao final das sessões.

Até agora, já foram exibidos os filmes “Mário Gusmão: O anjo negro da Bahia”, junto com o curta metragem ODU (08/09); “Slava’s SnowShow (15/09)”; “A Aventura do Théâtre du Soleil (22/09)"; e “Em Quadro: A História de 4 Negros nas Telas (29/09)”, “A Vida de Bertolt Brecht” (06/10); “Jogo de Cena”(13/10), “Grupo Galpão” (20/10); “Yumara Rodrigues – Uma Diva nos Palcos da Bahia”, junto com o curta metragem Perfil – Harildo Déda (27/10). Na próxima segunda-feira (10) será exibido “A Desconstrução do Espaço Cênico: Profissão Cenógrafo” (2009).

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