terça-feira, 25 de novembro de 2014

RELEASE: CINE-TEATRO DISCUTE A IMPORTÂNCIA DE AUGUSTO BOAL E DO TEATRO DO OPRIMIDO

Professoras Cilene Canda, Antônia Pereira e Célida Salume (Foto: André Araújo)


O Projeto Cine-Teatro na Escola exibiu, na noite desta segunda-feira (24), o documentário “Augusto Boal e o Teatro do Oprimido” (2011), com direção de Zelito Viana. O evento gratuito aconteceu no Teatro Martim Gonçalves. 

Marcaram presença, a atriz, dramaturga e pós-doutora em Dramaturgia, Antônia Pereira, a professora e doutora em Artes Cênicas, Cilene Canda, e a professora e doutora em Artes Cênicas, Célida Salume, que também é coordenadora do projeto, juntamente com Lilih Curi.

Para dar início ao bate-papo da noite, as convidadas começaram comentando sobre suas relações com Augusto Boal e com o Teatro do Oprimido. 

Antônia Pereira foi a primeira a falar. Ela contou que sua relação com Boal começou com os estudos na França, com sua tese sobre o dramaturgo. Depois ela aplicou as técnicas desse teatro com funcionários de empresas para trabalhar preconceitos e opressões. No entanto, ela frisou que não gosta quando a estética não é trabalhada. “Essa exigência se afirma ainda mais quando sou professora aqui na Escola de Teatro”, destaca.

Já Cilene Canda explicou que começou com o Teatro do Oprimido como a maioria, aprendendo com os livros. “Sou pedagoga e vi que o Teatro do Oprimido tinha uma pedagogia muito boa”. Cilene revela que participou do Centro do Teatro do Oprimido (CTO) no Rio de Janeiro e depois aplicou as técnicas com docentes. “Minha trajetória formativa é educação. Por isso, trabalho com a formação do professor – oprimido e gerenciador de conflitos diários”, explica.

Célida Salume, por sua vez, lembrou que começou sua relação com o Boal quando participou do espetáculo “Revolução da América do Sul”, no final dos anos 1980. Ela relata que, logo no início, sentiu uma certa antipatia pelo Teatro do Oprimido após presenciar alguns trabalhos imaturos que não tiveram o cuidado necessário para lidar com as diversas situações que podem ser vivenciadas nesse tipo de teatro.

Indagadas pela plateia sobre a forma como o Teatro do Oprimido deve ser trabalhado, a partir da improvisação ou de um texto clássico? Antônia Pereira optou pelo texto. “Eu gosto de trabalhar a partir de um texto, sobretudo, clássico. Mas as experiências comuns são de improvisação - com experiências de opressão vividas e trazidas para a cena”, diz.

Enquanto isso, Cilene Canda pontua que dentro do Teatro do Oprimido existe o Teatro-Fórum, onde é produzida uma encenação baseada em fatos reais, na qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito. Para ela, é importante partir do antimodelo. “Primeiro precisa saber quem é o oprimido, para que a plateia crie empatia. Tem que mostrar qual é o desejo dele. E quando se dá o conflito ele luta. Nesse conflito, tem um clímax (se o oprimido não der a volta por cima pode se dar mal)”. Das intervenções trazidas pelo público é que se tem um novo começo ou o final do antimodelo.

O público ainda questionou de que forma se legitima o poder fazer o Teatro do Oprimido? Antônia explica que “todo mundo a qualquer momento. Porque para Boal o Teatro do Oprimido é maior do que ele. E é para ser multiplicado”. Ela complementa: “Do lugar que eu ocupo é diferente, porque sou pesquisadora e professora, por isso, exijo um rigor estético”. 

Ainda em se tratando da estética, Cilene Canda argumenta que Boal destacava três elementos: a palavra, o som, e a imagem. Segundo ela, a palavra tem que ser bem dita, de forma poética; o som, as culturas do Brasil tem um grande potencial musical que pode ser usado; e a imagem, é preciso trabalhar a plasticidade do espetáculo a partir do movimento do ator.

Por fim, Cilene lembra que para Boal a “arte como um todo é libertadora e emancipadora”. Para ela, “enquanto houver opressão no mundo existe a necessidade do Teatro do Oprimido”.

Projeto - Até agora, já foram exibidos os filmes “Mário Gusmão: O anjo negro da Bahia”, junto com o curta metragem ODU (08/09); “Slava’s SnowShow (15/09)”; “A Aventura do Théâtre du Soleil (22/09)"; e “Em Quadro: A História de 4 Negros nas Telas (29/09)”, “A Vida de Bertolt Brecht” (06/10); “Jogo de Cena”(13/10), “Grupo Galpão” (20/10); “Yumara Rodrigues – Uma Diva nos Palcos da Bahia”, junto com o curta metragem Perfil – Harildo Déda (27/10); e É! Évoé! – Retrato de um Antropófago (03/11); “A Desconstrução do Espaço Cênico: Profissão Cenógrafo” (10/11); e “Nilda Spencer: Especial TVE” (17/11). Para a próxima segunda-feira (1º) teremos a exibição de “Café Muller (1978)”


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