Professoras Vica Hamad, Lilih Curi e Deolinda Vilhena (Foto: Leonardo Teles)
Quem compareceu ao Teatro Martim Gonçalves, no bairro do
Canela, na noite desta segunda-feira (22) se impressionou com a grandiosidade
do Théâtre du Soleil. Na ocasião, foi exibido o filme “A Aventura do Théâtre du
Soleil”, que mostra um pouco dos bastidores dessa companhia que agrega mais de
80 artistas.
A obra cinematográfica enfatiza o trabalho desenvolvido pela
diretora francesa, Ariane Mnouchkine, à frente do Théâtre du Soleil, que
completa este ano 50 anos de existência. Para contar as experiências obtidas a partir desse teatro,
estiveram presentes as professoras Deolinda Vilhena, Vica Hamad e Lilih
Curi.
Deolinda começou relatando que levou 25 anos para conseguir
chegar no Théâtre du Soleil. Em 2000, ela pediu a Ariane Mnouchkine permissão
para pesquisar sobre o teatro e assim desenvolveu sua dissertação de mestrado e
tese de doutorado. “Eu tenho uma paixão por eles”, revelou.
Segundo Deolinda, esta é a única companhia no mundo que não
entra em um teatro. “Quando ela [a companhia] viaja, se instala uma tenda”,
explica. Na tenda, há arquibancadas bifrontais para 600 pessoas. Esse é o limite de público estabelecido por Mnouchkine,
para que a platéia acompanhe de perto o espetáculo.
Outra informação compartilhada pela professora da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi a de que existe uma divisão de tarefas
dentro da companhia. “Não tem lugar para estrela. A estrela é o Théâtre du
Soleil”, destacou. “O espetáculo é a prioridade”, acrescentou.
Já Vica Hamad relatou sua participação em alguns workshops
com membros da companhia e que a musicalidade envolvendo o grupo lhe marcou. “A
música respira junto com o Théâtre du Soleil”, observou. Sobre o músico Jean-Jacques
Lemêtre, membro da companhia, ela ressaltou que ele está presente e participa
desde o início da composição do espetáculo. “Ele trabalha a musicalidade junto
com a voz [dos atores]”, pondera.
A professora Lilih, por sua vez, falou sobre seu estágio de
um mês no Théâtre du Soleil, na França. Ela destacou que primeiro houve o
exercício de observar para depois ir para o tablado. Sobre o impacto obtido ao
assistir pela primeira vez um espetáculo da companhia, ela descreve: “Foi
arrebatador. Pelo espaço, em primeiro momento. É arrepiante. Tem os camarins em
baixo das cadeiras. O público vê os artistas se montarem. Os personagens estão
ali em processo”.
Sobre a atuação política e social do Théâtre du Soleil, Lilih
afirma que “a relação do Soleil com a comunidade e as questões políticas é
muito forte. É de se admirar”. Deolinda citou ainda Mnouchkine ao
lembrar que “o teatro não muda o mundo, mas muda a cabeça de quem pode
mudar o mundo”.
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