por
Vitória Alana
E então se abriram as cortinas da
contemplação ao cinema em sua riqueza e pureza advindas da poética ilustração
do vagabundo mais famoso do planeta, o Charlie
Chaplin.
No dia 16 de fevereiro o projeto Cine Teatro na Escola retomou suas
atividades com o filme O Circo (1928)
do ator, artista circense, compositor e músico Charlie Chaplin, que arrancou risos e lágrimas do público de
estudantes e professores ativos e regressos da Escola de Teatro da UFBA e
também dos estrangeiros à escola presentes no teatro Martim Gonçalves para
contemplar o projeto que acontece todas as terças-feiras as 18:00 h
gratuitamente.
Contamos com uma estrutura muito próxima
de um cinema, quando as luzes apagaram-se e a projeção no palco do teatro
iniciou, vislumbramos um retorno ao século passado através do filme ainda de
cinema mudo de Charlie. Notei que o público estava bastante confortável e
deveras se divertindo com o que vivenciaram. O filme apresentado narra a
história de um pobre vagabundo confundido com um batedor de carteira que por
força do destino acaba sendo estrela principal de um circo da região que se
encontrava em decadência. Apaixona-se pela acrobata do circo e finaliza o filme
demonstrando a fragilidade e sensibilidade do palhaço que sorri em sua
inocência e pureza escondendo a dor em demasia que verdadeiramente sente.
Professor Dr. Paulo Henrique Alcântara, que integra a coordenação do projeto Cine-Teatro na Escola |
No fim, apesar de todos os risos
arrancados, terminamos todos emocionados com o final delicado e emocionante.
Afinal, um palhaço real não vive só de risos, pois é humano e infelizmente
aberto ás dores do mundo. Vimos no corpo expressivo de Charlie todas essas
gargalhadas arrancadas facilmente e toda essa dor saudosa em um filme que ele
participou ativamente atuando e dirigindo-o musicalmente e artisticamente.
As luzes do Martim acenderam-se e então vimos
descer as escadas o professor e pesquisador de circo João Gabriel Teixeira, que
no escuro do palco foi trazido ao foco da luz pelo Professor Paulo Alcântara e
novamente acomodado para que todos pudessem enxergar a grandeza dessa preciosa
figura. O diálogo foi bem intimista, quase como uma roda de amigos, onde
conversamos e trocamos informações sobre o Charlie Chaplin e as dificuldades e
glórias ao fazer esse e outros filmes. Sua vida pessoal, sua história como
ativista político e o novo nome criado para si que ao invés de palhaço se alto denominava vagabundo.
Recolhi um comentário de um dos
espectadores do filme que emocionado disse:
Debate com o público, após apresentação de "O Circo" |
“A experiência de estar em um teatro, assistindo ao filme do
Charlie Chaplin é uma oportunidade indescritível, pois nos
remete de alguma forma a uma sensação de
estarmos dentro desse mundo maravilhoso e curioso, que ao mesmo tempo resgata
os palcos do teatro de forma sublime e sutil. É possível perceber a
importância do Chaplin para o mundo teatral em suas performances a
qual dispensa as palavras e deixa o corpo falar perfeitamente, trazendo a tona
uma total relação do teatro de palco com o áudio visual, uma
dualidade em que os papeis são invertidos de alguma forma e nos dá uma ótica
dual onde o teatro e o áudio visual se dão a oportunidade da inter-relação. Um
resgate no tempo e espaço, onde podemos nos sentir pertencentes a esse misto de
relações e para mim Chaplin seria o pai que retorna a sua casa, ao
encontro dos seus filhos (plateia), mostrando assim a importância de um para o
outro em que a reciprocidade se faz por inteira.
Aprovo e apoio esse projeto, pois vejo nele um
importante resgate de gerações onde o novo, o tradicional
e o velho modo de se fazer teatro funde-se perfeitamente.” Laércio
Cidral. (UFBA) Universidade Federal da Bahia. BI- Humanidades.
E já estamos ansiosas e
ansiosos para o próximo filme que é A
estrada da vida de Fellini no dia 8/03 na terça-feira as 18:00 h, gratuito
com os debatedores: Adalberto Meirelles e com a diretora da Escola de Teatro da
UFBA, Eliene Benício.Aguardamos ansiosamente os amantes do circo, cinéfilos e
“fellinianos”. Evoé!
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